"Tendo como critério a qualidade, vamos especializar-nos nas edições esgotadas e nos fundos de catálogo, ou seja, livros que estão disponíveis para venda mas não encontram lugar nas livrarias", disse à agência Lusa Eduardo Costa, sócio-gerente da Letra Livre.
Conseguir edições esgotadas é, aparentemente, um contra-senso, mas Eduardo Costa explicou que "muitos livros são dados como esgotados porque já não existem nas editoras - algumas entretanto extintas - nem nas distribuidoras, mas é possível encontrá-los".
"O que acontece com essas obras é que perderam o contacto com o mercado e andam de armazém em armazém", acrescentou o responsável livreiro, esclarecendo que, "para descobrir livros nessa situação vai ser muito útil a experiência acumulada no sector".
Eduardo Costa é um dos vários antigos funcionários da livraria Ler Devagar, já encerrada, que decidiram reunir esforços num novo projecto assim que souberam do destino do espaço em que trabalhavam, na rua da São Boaventura, Bairro Alto, em Lisboa.
"Em Setembro do ano passado, ao saber que a Ler Devagar ia perder o seu espaço, alguns funcionários começaram a pensar em abrir outra livraria, mas apenas em Novembro teve início a escolha da localização e dos livros", afirmou Eduardo Costa.
A nova livraria, na Calçada do Combro, em Lisboa, vai ter disponíveis 10.000 exemplares, "embora existam mais entre 30.000 e 40.000 no armazém", que serão colocados numa base de dados até final do ano, para permitir a venda através da Internet.
Com destaque para a ficção e as ciências humanas, a Letra Livre vai também divulgar livros novos, que vão chegando ao mercado, "desde que tenham qualidade", mas recusa assumir qualquer compromisso com os êxitos de vendas que não preencham o anterior critério.
"Como não é possível competir com grandes cadeias como a FNAC ou a Bertrand, que destacam as novidades literárias, optámos por estabelecer ligações privilegiadas com editoras como a Antígona, a Fenda, a &Etc e a Frenesi, cujos catálogos teremos quase integralmente disponível", revelou Eduardo Costa.
Esta é mais uma forma de contrariar "a voragem actual, em que o tempo médio de exposição de um livro numa livraria oscila entre os 30 e os 60 dias, o que não deixa espaço para obras cujo ritmo de venda seja mais lento", criticou o sócio-gerente da Letra Livre.
Agência LUSA 2006-04-21 18:02:31 |