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Que los hay, los hay
Revista Os Meus Livros nº 44, Outubro 2006
João Morales



Espaços


Que los hay, los hay



As pequenas editoras e os livros difíceis de encontrar partilham o espaço desta livraria, num bairro recheado de alfarrabistas.


João Morales


EM "A VOZ DA LUA", um filme de Fellini, uma personagem questionava- se: "para onde vão os sonhos quando acabam?". A mesma pergunta poderia fazer-se relativamente aos livros que saem de catálogo. Bom, uma parte deles vem parar aqui, à livraria Letra Livre.


O projecto existe há cerca de quatro meses e aposta em stocks alternativos. "O nosso objectivo é ter o catálogo completo de pequenas editoras, bem como o que pudermos encontrar sobre diversos temas que nos interessam, como Antropologia, Etnografia ou Política", explica-nos Eduardo de Sousa, um dos três sócios da casa.


Além destes temas podemos encontrar nas prateleiras uma oferta interessante, catalogada em itens como "Brasil"; "Arte"; Música"; "Ditadura / Oposição"; "Maçonaria" ou "Islão" (estes dois, partilhando calorosa e fraternalmente uma prateleira).


"A maioria são livros usados e fundos de editoras que nós compramos, ou algumas edições de editoras que já não existem. O grande problema das livrarias de hoje é que só sabem trabalhar com novidades", realça o responsável pela loja, reforçando a forte rotatividade que gere o mercado actual, o que dificulta a qualquer leitor "encontrar um livro que tenha saído há mais do que um ano".


Observando as prateleiras encontram-se alguns exemplares impossíveis de descortinar no turbilhão dos escaparates, como a colecção de antologias de poesia da Futura (editada nos anos 70, com títulos extraordinários, como "Antologia da Moderna Poesia Visual Europeia" ou "Antologia da Moderna Poesia Norte-Americana", dois excelentes trabalhos de recolha de Manuel Seabra).


Uma das grandes apostas desta livraria passa pela Internet, com vista a potenciar um serviço de pesquisa e oferta mais eficaz. "Se, para quem vive me Lisboa ou outros grandes centros urbanos, é difícil encontrar certos títulos, então para os restantes leitores nem é bom falar. Através do nosso site podem contactar-nos e pedir os livros que procuram, que nós vamos procurá-los", afiança o nosso interlocutor.



Esta aposta num mercado mais dirigido, ao revés dos títulos do momento, compreende-se melhor quando Eduardo explica que integrou a sociedade que lançou a livraria Ler Devagar, (cujas portas fecharam recentemente, apesar de manter um pólo na galeria ZDB, no Bairro Alto, a alguns metros da loja original) um projecto ambicioso que oferecia aos clientes livros mais difíceis de encontrar, acompanhados por um intenso cartaz de actividades culturais.


A espreitar nas prateleiras da Letra Livre, vislumbramos catálogos fugidios, como os da Fenda, & etc, Antígona, Edições Mortas, Deriva Frenesi, Ela por Ela, Salamandra, Dinossauro ou as extintas Hiena, Hugin e Regra do Jogo. Contudo, há espaço para outras chancelas, como é o caso da Assírio & Alvim.


O facto da loja se situar numa zona popularmente ocupada por alfarrabistas constitui não um problema, mas uma mais-valia porque, segundo Eduardo de Sousa, "há um grande contacto e trocamos informações, quando alguém anda à procura de determinado livro desta forma é mais fácil encontrá-lo".





«A arte é o único país inteiramente livre.»
Almeida Faria
Diga-nos um livro nunca traduzido em Portugal que gostaria de ver editado?
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